IBM tenta sequenciar DNA humano por US$100


SÃO PAULO – A Big Blue investe em um campo que atiça a imaginação das pessoas e anuncia pesquisa para construir seqüenciador de código genético humano acessível a qualquer um.
A pesquisa da IBM seria um “Transistor de DNA” baseado em silício, uma espécie de chip com nanofuros através dos quais o material genético seria lido de forma mais rápida e fácil.
Com isso, a empresa espera reduzir o custo de seqüenciamento a um valor que fique entre cem e mil dólares.
“Até o ano 2000, algo parecido custava bilhões de dólares”, explica Gonçalo Pereira, Chefe do Departamento de Genética e Evolução da UNICAMP. “A partir de 2005, 2006, aparecem novas tecnologias que fazem com que o genoma humano saia da escala de milhão para a de alguns milhares. Hoje, conseguimos fazer o trabalho por um valor na faixa de 100 mil dólares – o que ainda é muito caro”, diz.
A tendência, no entanto, é de que haja novas simplificações. Uma das formas mais atrativas, segundo Pereira, é justamente explorar a condutividade elétrica do DNA. É por isso que cientistas de quatro áreas da IBM (nanofabricação, microeletrônica, física e biologia) trabalham para conseguir passar uma molécula de DNA através de um buraco de três nanômetros (o nanoporo) em um chip de silício.
Um nanômetro é cerca de 100 mil vezes menor que a espessura de um fio de cabelo humano. A ideia é que, quando a molécula passar pelo nanoporo, um sensor elétrico faça a leitura desse DNA, obtendo informações que podem ser usadas para, no futuro, criar medicamentos personalizados.
“O futuro da genômica será a medicina customizada”, acredita Gonçalo Pereira. A projeção faz sentido se pensarmos que cada organismo é uma máquina única – não à toa, pessoas com a mesma doença reagem de forma diferente ao mesmo medicamento. “Embora sejamos muito parecidos, não somos iguais. Pense no DNA como no alfabeto: com poucas letras você constrói infinitas variações de informação”, diz o pesquisador.
Por isso, um dos maiores sonhos da medicina seria a preparação de medicamentos de acordo com a necessidade especifica de cada paciente. No entanto, a facilidade de obtenção de informações genéticas dos indivíduos levanta um debate ético – similar ao discutido no filme Gattaca (de 1997). A produção mostra um futuro no qual bebês são triados por seus genes ainda na barriga da mãe, e a sociedade é dividida em duas castas:  a dos indivíduos geneticamente perfeitos, selecionados antes de nascer, e a dos marginalizados por suas “imperfeições”.
“Imagine se uma empresa começa a descartar candidatos a uma vaga baseado no código genético, excluindo alguém pela probabilidade da pessoa desenvolver uma doença daqui alguns anos?”, diz Pereira. “O problema da biologia molecular e da genética é o mesmo da informação. Pense nas conseqüências de se fazer o grampo telefônico. Pode ser usado para o bem, como desarmar uma quadrilha, ou para o mal...”.
Discussões à parte, por enquanto, a IBM ainda enfrenta alguns problemas na criação do equipamento. A maior dificuldade das equipes é diminuir a velocidade de passagem do DNA. Uma das soluções testadas foi uma nanoestrutura de múltiplas camadas metálicas que controla o campo magnético do poro. O dispositivo utiliza a interação de pequenas cargas ao longo da estrutura do DNA para prendê-lo ao nanoporo.

Na teoria e em modelos de computador, a empresa já provou que é possível mover o DNA a uma velocidade de um nucleotídeo por ciclo – uma taxa que, eles acreditam, tornaria a leitura possível. Agora, só falta provar na prática...

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